A ARTE DE PESCA NAS PESQUEIRAS DO RIO MINHO

Em Monção & Melgaço há uma tradição piscatória secular, compartilhada com a vizinha Galiza nas águas fronteiriças do rio Minho: a pesca artesanal nas pesqueiras.

Estas engenhosas construções ancestrais – alguns autores defendem que são de origem romana e outras que remontam aos séculos VII, VIII e IX -, ganharam lugar no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

Olhadas de longe, as pesqueiras do Rio Minho parecem saliências naturais onde o rio Minho bate com força deixando rastos de espuma. Elas constituem um legado histórico de construções populares que testemunham o engenho e as artes da pesca fluvial artesanal que aqui se praticam ainda hoje alguns pescadores utilizam os mesmos métodos.

As pesqueiras fazem parte do património paisagístico da Ribeira Minho e testemunham saberes ancestrais na escolha dos melhores sítios para se implementarem, na sua orientação em relação às correntes do rio, no trabalhar a pedra e erguer dos panos dos muros, na escolha da arte da pesca mais adequado e ainda no sistema de partilha comunitária do seu uso. Elas são testemunhas do conhecimento e vida das comunidades ribeirinhas e do seu sentimento de pertença a uma unidade cultural e identitária.

Estas antigas e magníficas estruturas em pedra são habilidosos sistemas de muros construídos a partir das margens, que se assumem como barreiras à passagem do peixe acabando por ser apanhado em engenhosas armadilhas.

As pesqueiras são passadas de geração em geração, tendo vários proprietários e regem-se por uma “escala de redagem”, instituída em 1947, onde são definidos os dias, horas e tempos de pesca atribuídos a cada pescador. Nos dias destinados, os pescadores vão armar ora o botirão, ora a cabaceira, as duas artes permitidas para a captura das várias espécies. As redes são colocadas nas bocas e nos pontais das pesqueiras, respetivamente, e regressam na escala seguinte para recolher o pescado.

Em algumas pesqueiras, mais afastadas, é necessário usar a técnica de suspensão, através de um cabo que liga a pesqueira à margem ou através de um barco. Faina arriscada, que enfrenta ainda um outro desafio com a subida imprevisível do caudal, devido às barragens a montante, e que deixa as pesqueiras submersas.

Em 1864 existiam 392 pesqueiras ativas na margem esquerda (Portugal) e 386 pesqueiras na margem direita (Espanha). Hoje restam apenas 134 pesqueiras na margem portuguesa e 112 pesqueiras na margem espanhola.

PESQUEIRAS, Associação de Pescadores do rio Minho